Foi em 1988, com o livro "O Fogo, a Luz e a Voz", que Manuel Neto dos Santos iniciou o seu percurso poético e esta difícil lida de publicar livros de poesia. Em Abril de 2011, vai ser lançada a obra "Safra" - antologia poética que reúne poemas escritos no período entre 1988 e 2008.
A obra será lançada no dia 16 de Abril, às 17 horas, em S. Bartolomeu de Messines, no Auditório Francisco Vargas Mogo, na Caixa de Crédito Agrícola. A apresentação será feita por António Cândido Franco, que assina o prefácio do livro.
Uma outra sessão de apresentação será também realizada no dia 14 de Maio, às 17 horas, na Casa do Povo de Alcantarilha, integrada no programa de comemorações da elevação desta localidade a vila.
De referir ainda que esta obra tem os patrocínios da Caixa de Crédito Agrícola de S. Bartolomeu de Messines e das Juntas de Freguesia de S. Bartolomeu de Messines e de Alcantarilha.
"Safra" é o nome da obra que Manuel Neto dos Santos agora apresenta, um nome intencionalmente escolhido, pois "Safra" é uma palavra árabe que significa "colheita". E é uma colheita que é apresentada neste livro que, numa primeira parte, reúne poemas publicados nas 11 obras do autor e, numa segunda parte, compreende "cadernos de inéditos que vão de 1996 até 2008".
Neste livro, diz-nos Manuel Neto dos Santos, estão patentes as características que marcam desde sempre a sua poesia, "a ligação à terra- terra mesmo -, às arvores, às pedras, às estações do ano; a ligação à mitologia grega, e ao que tem a ver com a minha ascendência árabico-andalusa, com essa herança linguística e afectiva".
Para este autor, nascido em 1959 em Alcantarilha, e que desde há vários anos reside em S. Bartolomeu de Messines, onde se reparte em poeta, declamador, actor do Grupo de Teatro Penedo Grande, presidente da Sociedade de Instrução e Recreio Messinense e tutor de língua portuguesa que ensina a estrangeiros, "escrever é uma forma de valorizar a vida".
"Já disse uma vez que escrevo porque escrever é estar mais vivo. E é isso. Todos temos um caminho a percorrer, um caminho de busca, em que temos de fugir à simplicidade da vida diária. É como um náufrago que tem de arranjar onde se agarrar", afirma Manuel Neto dos Santos.
Quanto ao seu já longo percurso poético, explica que tem "sido uma caminhada feita com uma entrega muito grande". Uma caminhada não isenta de dificuldades pois " o artista é o primeiro crítico, o primeiro leitor é quem escreve", e repleta de desafios "um permanente desafio perante a língua portuguesa, ver até onde posso ir".
Esta evolução pode ser apreciada em "Safra", "desde os primeiros poemas, à poesia actual que só aparentemente é poesia mais simples", repleta de "trocadilhos linguísticos" e "versos brancos, com poemas cada vez mais curtos".
Ultimamente, tem-se dedicado também a outro desafio que considera muito estimulante, fazendo trabalhos "partindo de versos, quase de imagens, de outros poetas", como Luísa Neto Jorge, Maria do Sameiro Barroso, Cesário Verde, Fernando Pessoa e outros.
E anda também, como nos conta, a "passar a limpo" os 35 cadernos de inéditos que possui em casa, em caixotes, à espera de uma oportunidade.
Autor: Paula Bravo